Obrigar as crianças a seguirem uma dieta vegetariana não é ético e pode afetar o desenvolvimento delas, afirma a cientista americana Lindsay Allen. Allen, do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, criticou os pais que insistem que seus filhos vivam de acordo com a máxima "carne é assassinato".
A cientista disse durante encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, que alimentos de origem animal têm alguns nutrientes que não são encontrados em qualquer outro lugar.
Desenvolvimento lento
"Já foram feitos estudos suficientes que mostram claramente que quando as mulheres evitam alimentos de origem animal, os seus bebês nascem menores, crescem muito lentamente e seu desenvolvimento é retardado, possivelmente de forma permanente", disse a cientista. "Se estamos falando de alimentar crianças pequenas, mulheres grávidas ou que estão amamentando, eu chegaria ao ponto de dizer que não é ético eliminar esses alimentos (de origem animal) durante esse período da vida."
Ela criticou especialmente os pais que impõem um estilo de vida vegetariano aos seus filhos, negando que eles tenham acesso a leite, queijo, manteiga e carne.
Segundo a médica, o prejuízo para as crianças começa quando elas estão crescendo no útero e continua depois do nascimento. As 544 crianças analisadas foram criadas com dietas baseadas em farinhas e grãos de baixo valor nutricional. Durante dois anos, algumas dessas crianças receberam suplementação equivalente á carne. Os dois outros grupos receberam ou um copo de leite ou um suplemento de óleo com mesmo equivalente de energia diariamente. A dieta de um terceiro grupo foi deixada inalterada.
As mudanças observadas nas crianças que comeram carne e, em menor medida, beberam leite ou óleo foram dramáticas. Ao final de dois anos, essas crianças cresceram mais e tiveram melhor desempenho na solução de problemas e testes de inteligência do que as outras. Elas também se tornaram mais ativas, falantes e participativas na escola.
A inclusão de carne ou leite às dietas das crianças praticamente eliminou as altas taxas de deficiência de vitamina B12 que foram observadas anteriormente.
Sem solução rápida
A professora Allen disse que, embora a pesquisa tenha sido feita em uma comunidade africana pobre, sua mensagem é altamente relevante para as pessoas em países desenvolvidos.
Ela disse que adicionar alimento de origem animal à dieta é uma maneira melhor de atacar a desnutrição no mundo do que as soluções rápidas na forma de suplementos em pílulas. "Onde for possível, é muito melhor fazer isso por meio da dieta e não por meio de cápsulas", disse ela. "Com pílulas, é difícil ter certeza de que a quantidade de nutrientes é a correta para todo mundo."
O professor Montague Demment, da Universidade da Califórnia em Davis, disse que deveria ser dada mais ênfase em alimentos de origem animal para combater a desnutrição global.