HIPOCRISIA DO VEGETARIANISMO

Ao menos uma vez todos já fomos abordados ou observamos propaganda de "defensores dos direitos dos animais", ecomaníacos ou comensais das joaninhas. Desde o ano retrasado eu já insisto e faço propaganda contrária a tais sujeitos, quando defendi o uso de animais na pesquisa científica e no ensino. Nessa segunda etapa de críticas, vou defender até a última gota de suor que puder doar à causa meu direito evolutivamente adquirido de comer carne e de parar de ouvir abobrinhas por aí. Se um indivíduo prefere, por qualquer motivo que fira sua consciência moral, religiosa ou qualquer outra, adotar uma dieta vegetariana ou uma dieta vegan, este tem esse direito, mas, ao contrário do que pareceria democrático, esse direito não deveria servir de pretexto para tentar catequizar o mundo numa nova doutrina baseada em achismos, difamação e dados científicos inexistentes ou incipientes. Não há porque ter pena ou dó dos animais por eles servirem de alimento. Tal compreensão ignora centenas de milhões de anos de evolução, que remontam toda a filogenia da nutrição. O reino vegetal é igualmente evoluído e composto de seres vivos, tal como o reino animal, no entanto, nosso parentesco com seus membros seria menor em grau do que aquele dos bois, porcos, galinhas, etc. Aí teríamos, portanto, uma justificativa para adotar um algoritmo para resolver o problema, estabelecendo uma ordem de permissividade na dieta: nenhuma permissividade para comermos seres humanos, chimpanzés ou gorilas, pouca permissividade para comer porcos e gado bovino, alguma permissividade para comer galinha, e uma boa permissividade para comer peixes, não total, afinal eles também tem coluna vertebral. Engraçado... nosso padrão de condutas, nossa "ética", é modulado no sentido do afrouxamento das rédeas ao passo que nos distanciamos filogeneticamente das "vítimas". Gostaria de saber se quando chegarmos aos moluscos e crustáceos, no exemplo anterior, se isso também aconteceria. Mais ainda, gostaria de saber o pensamento de vegetarianos ao tomarmos albendazol para a eliminação de helmintos do trato gastrintestinal. Que crueldade, não? Os insetos, então? A mais diversificada classe de animais do planeta... Aposto que nem todo mundo tem a curiosidade, como eu, de provar um churrasco de gafanhotos na Tailândia, mas tenho certeza de que todos já mataram baratas e formigas aos milhares. Um genocídio! É muito complicado compreender como entidades como a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) maior representante dos "direitos animais", com atuação primária nos Estados Unidos, funciona. Todos querem um tratamento ético para com os animais, isso é óbvio. Temos que ir mais fundo do que a superfície medíocre do aparente nos mostra até entendermos as reais frentes de combate da PETA, que vão desde propagandas em TV e folhetos distribuídos para crianças até atentados terroristas. O lema da associação é a "libertação total dos animais". Então, imaginem desde já o pandemônio: todos os frangos soltos e ciscando por aí, manadas de bois correndo pelas cidades, os porcos grunhindo nas esquinas, etc. Fora isso, eles afirmam que a escravidão ainda não acabou, e comparam o tratamento de frangos em granjas, ou o de gado em fazendas ao de judeus em campos de concentração, no holocausto.
Como escravidão, eles entendem múltiplas situações: cegos sendo guiados por cães-guia (malditos cegos exploradores de animais!), pessoas andando a cavalo, animais em circo, pescaria, e zoológicos, até as próprias abelhas que fazem o mel que impiedosamente roubamos, e a posse de animais de estimação, porque animais não nos devem servir de entretenimento ou companhia.
É, parece que está cada vez pior, mas não chegamos no fundo do poço. A PETA patrocina um braço armado, uma facção terrorista chamada ALF (Animal Liberation Front), que produz estardalhaços, ensinam jovens ativistas a fazer bombas, picham e explodem laboratórios, centros de pesquisa e universidades, por serem também contra a utilização de animais em pesquisa. A hipocrisia se torna mais do que evidente quando descobrimos que a vice-presidente sênior da PETA, MaryBeth Sweetland, utiliza insulina, que foi desenvolvida à custa de vidas de animais. A mulher se justifica: "Eu sou uma diabética dependente de insulina. Duas vezes por dia eu uso insulina manufaturada que ainda contém alguns produtos de origem animal - e eu não tenho remorso... Eu não vou assumir o risco de me matar por não usar insulina. Eu não me vejo como uma hipócrita. Eu preciso da minha vida para lutar pelos animais". Se isso não é hipocrisia, é pelo menos burrice, ignorância, charlatanice, incompetência e um atentado à inteligência alheia. Outro ponto bastante interessante. A PETA "resgata" bastantes cães e gatos do poder público, como canis e centro de controle de zoonoses,
ou das ruas. No entanto, eles matam, sim... A PETA, Pessoas pelo tratamento ético dos animais, assassinam em seus aposentos 85% dos animais que recuperam. Usando o mesmo tipo de analogia que eles utilizam, pensando da mesma maneira que eles pensam: seria equivalente a eu sair pelas ruas de São Paulo com uma frota de ônibus e enchê-los todos com crianças abandonadas. E eu procuraria pais adotivos para todas. Quando não houvesse mais pais disponíveis, eu as colocaria todas para "dormir eternamente" e eliminaria seus corpos. Ético? Provavelmente não. Hipócrita? Com certeza.
Vamos acabar com essa palhaçada: se não tivéssemos utilizado animais, nunca teríamos vacinas para: cólera, difteria, gripe, influenza, hepatites A e B, pólio, rubéola, varíola, tétano, catapora, febre amarela, antrax, entre outras. Não teríamos insulina, penicilina,
estreptomicina, antiinflamatórios, analgésicos, anticoagulantes, quimioterápicos, ciclosporina, marcapassos, juntas mecânicas, transplante de órgãos, além de outras cirurgias. Devemos pensar na utilização de animais, tanto para a dieta, quanto para o desenvolvimento de novos medicamentos e da própria Ciência, como um direito inalienável, pelo qual somente as mesmas pessoas que lutam contra a liberdade poderiam lutar. Uma dieta vegetariana é caracterizada pela retirada de carne de
animais do cardápio, podendo essa fonte de proteína ser substituída de maneira aceitável, mas não ideal, pela ingestão de leite e ovos, no entanto, há também a dieta vegan, que é caracterizada pela "conduta de extrema esquerda" do vegetarianismo, ou seja, estas pessoas evitam todo e qualquer produto que contenha ingredientes de origem animal, como ovos ou leite. Agora fazer um bolo ou uma torta ficou muito mais complicado... A alegação deles é de que galinhas e vacas cuja produção de ovos e leite estejam baixando, são sacrificados, e uma das buscas do veganismo é o cuidado e o amor com os animais, sem explorá-los jamais.
Um dos principais agentes do veganismo é o Vegan Acion que para justificar um tratamento igualitário com os animais divide justificativa em três frentes: pelos animais, pelo ambiente e pela saúde. Três frentes de pensamento conduzidas ardilosamente com malandragens e mentiras. A primeira delas, "pelos animais", só consegue justificar uma intervenção pela crueldade das fazendas mecanizadas, querem evocar um sentimento de pena que evolutivamente nunca existiu, e nem sequer mencionam como deveriam se portar os candidatos a vegans com relação a outras espécies menos complexas, como a barata, por exemplo. Matar uma barata seria um crime vegan? Não sei. E eles utilizam aquelas fotos de galinhas sendo mortas e de "porquinhos fofinhos", como propaganda... Sentimentalismo barato. A segunda frente, "pelo ambiente" é uma babaquice antropológica sem tamanho. Eles criticam a agropecuária, e afirmam que essa é uma
atividade humana predatória ao meio ambiente. Esquecendo-se completamente de que, se estamos aqui hoje, e se a espécie humana domina este planeta, foi porque ancestrais dominaram a técnica de agricultura e passaram a criar seu próprio rebanho, deixando de ser nômades. Se conseguissem enxergar a um pouco mais de um palmo para frente e para trás na história, a consciência dos vegans só estaria limpa se o mundo fosse varrido de toda a intervenção humana ao longo dos nossos poucos milhares de anos de civilização, pois modificamos de sobremaneira a casa dos nossos "irmãozinhos", os animais. Coitados deles.
O último apelo, "pela saúde", busca um último recurso, apelar para o amor próprio, pelo apego à existência, deixando um pouco de lado a ideologia de tratar igualitariamente os animais. O que eles afirmam, de maneira mentirosa e citando de maneira amadora e grotesca apenas um artigo científico, é que proteínas animais estão associadas a doenças
como as do coração, câncer de cólon e de pulmão (!?!), doenças renais, obesidade, entre outras. Também afirmam que leite faz mal, por conter mais gordura do que precisamos, e que ovos matam do coração, por ter colesterol. Tudo isso: uma grande palhaçada. O único artigo de algum respeito que eles supostamente tomam como base tem como título: "Potassium, magnesium, and fruit and vegetable intakes are associated with greater bone mineral density in elderly men and women." Alguém leu qualquer coisa sobre proteína animal? Não... e de fato o artigo nem entra nesse mérito. A única relação que o artigo quantifica é da ingestão de potássio, magnésio, frutas e vegetais com a densidade mineral óssea (bone mineral density) que é chamada pelo autor de BMD. Isso tudo só mostra o descompromisso científico da entidade. O que se busca é apenas o convencimento de uma parcela ignorante da população, que não consegue contestar os
argumentos mentirosos apresentados.
Terminando meus pensamentos, gostaria de ressaltar apenas o seguinte ponto: a grande diferença entre minhas convicções (e intuitivamente,da maioria da população) e aquelas dos vegetarianos e vegans maisconvictos está no ponto de que eu penso que a espécie humana domina oplaneta terra, teve uma grande capacidade de modificar o ambiente,fazendo com que este estivesse sempre a seu favor. Construíram
cidades, monumentos, veículos, vestimentas e outros objetos, ao passoque os animais e outros seres vivos foram subjugados a esta novarealidade. Os meus adversários pensam que de nada vale todo o esforçohumano até então, que os animais merecem viver tanto quanto nós,afinal, eles também são seres vivos.Toda forma de vida merece respeito. E o respeito real que devemos tercom os animais é cumprir com o destino natural deles, seja comomontaria, como alimento ou como fonte para o avanço da ciência, com osanimais de experimentação. Ninguém é a favor da crueldade, comoinsistem em afirmar. Por último, fica para vegetarianos e vegans umdesafio: seguir uma dieta que não contenha nenhum ser vivo, nuncatomar nenhum remédio, morar na montanha ou na selva, não usarvestimentas, e nunca admirar o som das aves nem a beleza da selva, pois essas todas seriam maneiras egoístas de agir, seja pela nossa alimentação, nossa vida, nosso lazer ou admiração. Só assim serão
capazes de "respeitar" completamente a vida, tarefa para a qual se
dispuseram de maneira tão cega e surda e, por que não dizer, estúpida.